Juntas em uma só voz

Juntas em uma só voz

Mulheres lésbicas e bissexuais comemoram em 19 de agosto, no Brasil, “O Dia Nacional do Orgulho Lésbico”. Neste dia, em 1983, militantes lésbicas lideradas por Rosely Roth, acompanhadas de participantes de outros movimentos sociais, ocuparam o Ferro’s Bar em São Paulo, em protesto contra agressões lesbofóbicas ocorridas algumas semanas antes. O dia do Orgulho Lésbico foi escolhido em função da morte da ativista Rosely Roth (1959-1990). Também neste mês, dia 29, é celebrado “O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica”. A data faz referência ao 1º Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), que aconteceu em 1996 no Rio de Janeiro, com o objetivo de combater a violência contra a mulher lésbica e bissexual. É de extrema importância resgatarmos a história dessas duas datas, olharmos para nosso momento e abrir o diálogo nesta pauta para que mulheres lésbicas falem sobre orgulho e visibilidade. 

A relevância dos temas é, infelizmente, ressaltada com dados alarmantes divulgados nos últimos anos. O Dossiê Sobre Lesbocídio no Brasil, lançado em 2018, aponta um crescimento de 150% de mortes lésbicas em quatro anos (2014-2017). Em média 6 lésbicas foram estupradas por dia em 2017, em um total de 2.379 casos registrados, segundo levantamento exclusivo do site Gênero e Número a partir de dados obtidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan, parte do Ministério da Saúde). 

Dora Cudignola, 67, participante da ONG EternamenteSOU, morava em São Paulo nos anos 90 e recorda que, na época, houve movimentos relevantes em combate à violência contra a mulher e específicos de mulheres lésbicas. Dora ressalta que o público LGBTQIA+ tem um papel fundamental nessa luta para garantir à mulher lésbica os direitos e respeito da população. Ela pede por mais união e deseja ver mais trabalhos como o da ONG em prol do orgulho e da visibilidade da classe. “É necessário expandirmos o nosso movimento, aumentar o número de grupos de apoio e também ampliar a nossa presença nas mídias. Juntos nós podemos lutar para mudar um padrão de comportamento. Uma voz não é capaz de mudar, mas somando muitas vozes nós podemos”, ressalta.

De acordo com Silvinha Andrade, 58, servidora pública, é necessário que a classe tenha visão histórica política para entender o poder público. Ela enfatiza “precisamos nos posicionar de forma consciente alinhada às questões da homossexualidade. Como mulher lésbica, preciso trazer essa consciência para o dia a dia, me apropriar da minha história e ter autoestima suficiente para me assumir para o mundo”.

Agora é que são elas

O Blog EternamenteSOU conversou com algumas mulheres lésbicas para conhecer como elas significam o Orgulho Lésbico e entender o que elas fazem para ser melhor percebidas na sociedade. Veja a seguir.

“O Orgulho Lésbico é uma data para mostrar a existência do amor entre mulheres do mesmo sexo. É importante mostrar a todos o nosso orgulho e que estamos felizes como somos. Como idosa, passei por muitas coisas. Hoje eu não tenho medo. Estou aqui com muito orgulho em dizer para as outras mulheres que a união faz a força. A idade chega, entretanto nessa idade, estou mais feliz. Estou livre! Estou na luta para encorajar os jovens. Todos os dias nascem pessoas como nós e precisamos recebê-las com amor e carinho e dizer “Não tenha medo e me dê a mão, iremos caminhar juntas”.
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Dora Cudignola, 67
professora aposentada
“A lésbica não merece ser excluída, perseguida e invisível. É um modelo que precisa ser reconstruído. O Orgulho Lésbico diz respeito à autoestima e autoaceitação. Precisamos aumentar a nossa visibilidade. É importante discutirmos questões como saúde pública, direito ao trabalho, liberdade estética e comportamental.”
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Silvinha Andrade, 58
servidora pública
“O Orgulho Lésbico é me sentir feliz todos os dias por seguir o meu coração, por ser quem sou sem medos. É uma celebração de amor que ensina, alivia e nos aproxima de novas famílias que ajudam a fortalecer pessoas que entendem que não há nada de errado em amar outra mulher. Como voluntária na EternamenteSOU, conheci histórias inspiradoras. Somos como uma família que proporciona conversas incríveis com mulheres maravilhosas 50+ que abriram todos esses caminhos, que passaram e ainda passam por espinhos e preconceito. Ser aceita na minha bolha social é um privilégio gigante pois a realidade da maioria das lésbicas no Brasil é outra. Temos que mudar muita coisa como sociedade para transformar essa realidade. Vamos nos fortalecer e resistir!”
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Thábata Eleutério, 32
diretora executiva da ACACA Studio

Referências:
PERES, Milena Cristina Carneiro; SOARES, Suane Felippe; DIAS, Maria Clara. Dossiê sobre lesbocídio no Brasil: de 2014 até 2017. Rio de Janeiro: Livros Ilimitados, 2018. 
Disponível em: http://www.generonumero.media/no-brasil-6-mulheres-lesbicas-sao-estupradas-por-dia/. Acesso em 02 de agosto de 2020. 

André Bueno
Profissional de Marketing e Comunicação, com extensa experiência em geração de demanda e aceleração dos negócios. Voluntário em projetos relacionados à Diversidade e Inclusão e causas LGBT+.

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